Em depoimento à Polícia Legislativa do Senado, o contínuo do gabinete do senador Efraim Morais (DEM-PB) Gilberto Rocha da Mota afirmou que a prática de nomeações fantasmas é comum na Casa. Disse ainda que conhece contínuos que prestam serviços para outros parlamentares que também são recrutados para tomar posse no lugar do comissionado que deveria ocupar a vaga. Gilberto, que assina a procuração de posse das estudantes Kelly Janaína Nascimento da Silva, 28 anos, e Kelriany Nascimento da Silva, 32 anos, revelou que foi procurador de outros funcionários do gabinete de Efraim que assumiram o cargo sem aparecer no Senado. “Não me recordo do número de servidores que tomei posse”, disse ele, no depoimento prestado no último dia 21.O contínuo revela que sempre era requisitado para tomar posse em nome de outra pessoa. A responsável por intermediar a ação de Gilberto no departamento de Recursos Humanos do Senado seria a funcionária comissionada Rosemary Ferreira Alves de Matos, nomeada em 2005. “Em todas as vezes que precisei tomar posse para algum comissionado, o pedido era feito pela Rosemary”, afirmou à Polícia do Senado.
A assessoria de Efraim informou que a Rosemary é a “secretária” do gabinete e não tem privilégio de dispensa de ponto, a exemplo do que ocorria com Kelly e Mônica da Conceição Bicalho, comissionada de Efraim e suposta recrutadora das estudantes que denunciaram o esquema de contratação de servidores fantasmas. O envolvimento de mais uma pessoa do gabinete no esquema assustou os funcionários de Efraim. Rosemary é considerada funcionária “exemplar” pelos colegas. No depoimento, Gilberto afirma que “nunca viu” Mônica nem a irmã Kátia da Conceição Bicalho, que conseguiu procuração para movimentar a conta-salário das funcionárias fantasmas.
Depoimento Ontem, advogados de Mônica e Kátia compareceram à Polícia do Senado para ter acesso aos autos da investigação. O advogado Paulo Braga, que representa as irmãs, não quis antecipar se as duas comparecerão ao depoimento marcado para hoje. Mônica e Kátia foram intimadas a comparecer na condição de investigadas. A expectativa da Polícia Legislativa é que elas faltem ao depoimento, mas o não comparecimento pode comprometer ainda mais a situação das investigadas.
Apesar de as denúncias de contratação de funcionários fantasmas já atingirem diretamente cinco funcionários do gabinete do senador Efraim e indiretamente outros dois — a mãe e o irmão de Mônica, que também estão lotados e com ponto liberado —, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), ainda não pensa em abrir investigação contra o parlamentar do DEM. Apenas a constatação de uma transferência de dinheiro dos fantasmas para a conta do parlamentar poderia provar o envolvimento de Efraim no caso e levar a investigação da Polícia Legislativa para a corregedoria, informam agentes ligados à apuração do escândalo.
Tuma ontem conversou com o diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo de Araújo Carvalho, e sugeriu realização de acareação entre Kelly, Kelriany, Mônica e Kátia, para confrontar a versão das estudantes que afirmam que suas identidades foram usadas de forma irregular e das irmãs que tinham procuração para movimentar a conta onde era depositado o pagamento das supostas fantasmas. A ideia de Tuma é criticada pelo advogado de Kelly e Kelriany, Geraldo Faustino. “Como ele quer fazer acareação se Mônica e Kátia nem prestaram depoimento ainda? E se elas não apresentarem uma versão contrária à da Kelly e Kelriany? É prematuro fazer acareação
PbAgora/Correio Brasiliense

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