
Conheci Marizinho, em um final de tarde de uma sexta-feira do ano 2000. Desde então, pude contar com sua amizade, sua intimidade e sem dúvida nenhuma, posso afirmar que: fui feliz, e sabia.
Muitas lições aprendi com Marizinho. O jeito de tratar todas as pessoas, sem que houvesse distinção de sua parte, pois muitas vezes vi ele recebendo patrões ou peões, e os tratando da mesma forma; alegre, sempre com um jeito próprio de dar as vezes a notícia de uma enfermidade.
E Por falar em dar notícia, Marizinho em um dos seus célebres momentos ao dizer a um paciente que havia contraído AIDS, e dizia que queria se matar, Marizinho se saiu com essa: “Mais homem, vá cuidar de sua família, e não precisa ficar aperreado
não. Pois eu já tive AIDS umas 3 vezes, e num to nem aí. To é aqui bonzinho”.
Esse era Marizinho. Que nunca foi de sua família, nem de seus amigos. Marizinho sempre foi de quem precisava de um apoio, de uma mão amiga para nas horas mais difíceis ter bem ali sempre estendida com um enorme sorriso acompanhando.
Durante todo o seu sofrimento, nunca se deu a possibilidade de deixa- se abater, ou mesmo transparecer tristeza.
Hoje que estamos a um ano que Marizinho se encantou e virou luz, digo a todos que minha ficha ainda não caiu.
Sequer consegui apagar seu número do meu telefone, como se a qualquer momento ele fosse me ligar e dizer “Meu grande Galvão, cadê tu Homi?”.
O Hospital Regional
Ah... sem dúvida nenhuma tivemos passagens inesquecíveis por lá. Como da vez que Marizinho informou a um senhor que eu (que sou cego) seria quem ia operá-lo de fimose, deixando o paciente temeroso para a cirurgia, para depois disparar em uma gargalhada, que lhe era tão comum.
Meu “Amigo” Marizinho, lhe sou muito grato por ter tido a oportunidade de conviver com você durante os melhores anos de minha vida.
Você foi para mim (e para muitos) o porto seguro quando das tempestades. Você foi de sua maneira o Charles Chaplin dos nossos dias, nos ensinando a ter paciência mesmo quando chegávamos ao fim do caminho, e sempre sorrir, mesmo quando tudo parecia perdido.
Socorro, Rafael e Maurinho, tenham a certeza de que vocês o fizeram muito feliz! E que mesmo em tão pouco tempo que pudemos conviver com ele, muitas lições foram deixadas, para que nós possamos levar adiante.
E como já disse um poeta: Tudo é pra sempre, e o pra sempre, sempre acaba!