quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Marizinho morreu e deixou a Cidade Sorriso em pranto, consternada e de luto


Mauro Abrantes Sobrinho era o nome completo de Marizinho, o homem da alegria mais espontânea e contagiante que já vi. Leal e de uma cordialidade cativante, dedicada aos amigos ou a quem quer que fosse de alguma forma seu interlocutor, o renomado médico era uma personagem agradabilíssima, pessoa que a ninguém desagradava, porque era cortês e prestimoso com os íntimos, sem discriminar os mais distanciados de seu convívio, principalmente aqueles mais necessitados e carentes de algum auxílio, coisa que não era negada pela índole altruísta intrínseca à personalidade daquele homem abnegado e deveras humanista.

Pena que a morte seja tão implacável e de uma imparcialidade irracional aos olhos de nossa limitada compreensão, que nos dá uma perceptibilidade escassa e restrita à nossa lógica, impossibilitando-nos de entender certos mistérios e muitos porquês indecifráveis pelas indagações que fazemos, sem alcançar resposta compatível com nosso nível de intelecção, que é restrita ao ponto de ser ínfima, diante das incógnitas que não desvendamos e fazem vã qualquer filosofia que vise interpretar enigmas que não podem ser esclarecidos com as especulações suscitadas pelo ânimo questionador do ente que mesmo quando tido como sábio, não apreende nada do que à luz do seu alcance ainda é inexplicável.

Eis o porquê da dificuldade em entender e aceitarmos que pessoas dotadas de tanto carisma e de uma utilidade imprescindível para a comunidade a que servia, seja fulminada de forma tão precoce e inesperada, consternando de modo generalizado uma imensa população, que repentinamente ficou desfalcada de um benfeitor devotado à profissão que competentemente exercia, servindo ao povo que se tornou grato e com gestos de solidário condoimento demonstra o reconhecimento do qual Marizinho se fez merecedor. Prova dessa solidariedade transformada em empatia motivadora de interação com os membros da família enlutada é a comoção coletiva, abalo que sacode a cidade, e de repente fez do riso característico de um povo um choro extensivo e coerente com sensibilidade de quem se alegra no momento oportuno, mas se impregna de tristeza no instante adequado.

Por conta da aleatoriedade que nos deixa perplexos diante do que consideramos verdadeira inoportunidade, amargamos a prematura e entristecedora perda de um homem que durante a vida comportou-se com um otimismo incentivador de esperanças, expectativas que deixavam de claudicar e retomavam o ímpeto quando recebiam dele uma injeção do ânimo que lhe era característico, levando-o a tudo querer solucionar, ou dar uma explicação plausível e confortadora de quem se lhe apresentava aflito e despertava seu senso pragmático e solidário, inclinação que o transformava num inveterado reanimador, do tipo esbanjador de energia positiva, típica de um construtivista nato, e que agia de forma desinteressada, visando somente externar um comportamento natural e peculiar às almas predestinadas a irradiar positividade que se traduz num monte de coisas boas.

Da convivência que tive com Marizinho, restou-me uma admiração que se baseia em observações que me permitiram constatar a imensurável grandeza de sua estatura espiritual, que era bem maior que a compleição física que ostentava e servia de reflexo que indicava a vultosa magnitude interior. E o impulso que me fez admirá-lo comove-me ao saber que terei que me acostumar com a ausência que de inopino se fez definitiva e somente a saudade a suprirá, servindo como lenitivo que haverá de consolar a mim e àqueles que lhe foram ainda mais íntimos, como os familiares próximos, incluindo-se nesse rol Chicão, meu mano caçula que Marizinho incorporou à lista de pessoas tão achegadas que parecia até haver alguma consangüinidade adicional ao laço afim que os interligava e unia, na condição de concunhados. Estou pesaroso, do jeito que muita gente também está, com desaparecimento do amigo que mesmo convalescente foi diligente e não titubeou em agir em meu socorro, recentemente, quando tive um mal súbito e fui parar numa UTI, indisposição que chegou aos ouvidos dele, que preocupado telefonou para o hospital e recomendou exames que foram feitos e ajudaram a esclarecer o susto que me quedou e graças à colaboração do humanitário gesto logo se debelou.


Por Floriano Camelo.

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