terça-feira, 17 de março de 2009

Boqueirão, tem ou não perigo de arrombar. Engenheiro de Minas e Técnicos do DNOCS de Sousa tem opiniões diferentes sobre o caso

17/03/2009.
O Engenheiro de Minas Nível Máster, Francisco Antônio Braga Rolim, popularmente conhecido como Catonho, com comprovada experiência no assunto, afirma que boqueirão de piranhas corre sérios riscos de arrombamento.

Catonho afirma que mesmo o DNOCS não tendo no seu quadro profissionais especializados em geotectonismos, geotecnia e mecânica das rochas (e com sensibilidade aguçada para "sentir" os sintomas), seus técnicos tem a experiência de saber quando uma barragem está sendo solicitada além do que sua capacidade de segurança permite. Nesse caso de Ávidos, eles não sabem e não enxergam o porquê os sinais de fragilidade da barragem são emitidos.

Ao não permitir que a barragem de Engenheiro Ávidos atinja sua capacidade plena, todos os anos o estado da Paraíba perde um volume de água suficiente para abastecer a população de todo o sertão do estado, além da população da cidade de Campina Grande, somente considerando a diferença de volume entre o máximo e o que é permitido! Deve ser esclarecido o fato de que toda barragem é projetada com fator de segurança elevado, portanto, o volume de água a ser armazenado em uma barragem deve ultrapassar com grande margem de segurança o que foi projetado. Dessa forma, a barragem em discussão poderia atingir com plena segurança o volume de 300 milhões de metros cúbicos e sua estrutura permanecer estável, porém, todos sabemos que isso não ocorre. Pelo contrário, ao atingir cerca de 70 % do volume de projeto (o volume de projeto é de 255 milhões de metros cúbicos), já há incertezas da segurança dessa barragem, e grande parte da população entra em estado de temor com um possível arrombamento.

O engenheiro de Minas garantiu que os riscos de arrombamento da barragem são visíveis, e dois principais motivos, são:
Primeiro, porque a Barragem foi construída em ambiente geológico que sofreu uma forte perturbação tectônica, de magnitude tão elevada que causou o rompimento e o afastamento da cadeia de montanha, e formou o atual boqueirão e a drenagem regional. Por força desse tectonismo, grande parte das rochas ficou fraturada (em forma de grandes blocos). Portanto, são blocos de rochas necrosadas que, quando há o acúmulo de grandes volumes de água por um tempo longo, tendem a sofrer deslizamentos e/ou escorregamentos, e obviamente transmitem à barragem, fragilizando-a, já que a mesma constitui-se em uma simples (e pequena) extensão ou segmento da cadeia de montanhas, onde esta cadeia de montanhas tem o completo domínio e é muito mais resistente do que a barragem. Os sinais (ou sintomas) da fragilidade da barragem são as contínuas e recorrentes rachaduras, crateras e buracos que subitamente e inadvertidamente ocorrem. Portanto, devido ao forte tectonismo ocorrido, o mesmo é verdadeiro responsável pelos abalos na barragem.

Segundo, porque, devido ao tectonismo, e ao ambiente geológico estabilizado, o projeto da barragem deveria ter dado maior atenção ao fator geotectônico em raio de 10 quilômetros, além de estudos geotécnicos e de mecânica de rochas para profundidades de cerca de 50 metros, adaptado para receber os esforços provenientes do substrato geológico (a exemplo das construções no Japão). Infelizmente a barragem não tem essa concepção, e quem projetou não identificou o problema.

Catonho esclarece que além da incapacidade técnica de enxergar e entender o que está ocorrendo no ambiente geológico perturbado onde a barragem foi construída, ele acredita que também está havendo arrogância e falta de humildade, por parte dos responsáveis o que leva ao excesso de confiança. Só que nenhum deles atesta em documento assumindo a responsabilidade. Porque, caso ocorra colapso na barragem, seguramente será em período chuvoso, quando as terras e todos os corpos de água já estarão completamente encharcados e, como o nível de água da barragem encontra-se a 100 metros mais alto do que as ruas da cidade de Sousa, além de que o volume de água acumulado é grande, portanto, a catástrofe será de proporções gigantescas, e a população sofrerá as conseqüências pelas milhares de vidas ceifadas e perda do patrimônio.

O engenheiro ainda afirmou que os recursos na ordem de 2 milhões não são suficientes para se fazer uma reforma na parede da barragem. Segundo Catonho, precisa ser feito urgentemente estudos técnicos especializados visando o diagnóstico e a comprovação científica do que está causando as rachaduras na barragem para que se possa futuramente, aplicar a solução.

Os Enegenheiros do DNOCS afirmam que não existem nenhum risco de arrombamento.

Com informações de Jackson Queiroga.

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