
É lamentável que neste momento este entusiasmo esteja abalado. Ainda sob a grande comoção e profunda indignação, desferida na vida material, moral, intelectual e cultural de Santa Cruz, impõe-me o dever de relembrar o golpe vivenciado por todos santacruzenses na data alusiva à comemoração do seu cinqüentenário de Emancipação Política.
Aos 04 dias da festa tão esperada do Cinqüentenário de Santa Cruz, a programação das comemorações ainda era marcada pela falta de conhecimento por parte da população e visitantes, por indecisões ou pelo descaso por parte da gestão municipal, seguida de uma verdadeira palhaçada e desastre local.
O aniversário de Santa Cruz seria lembrado por personalidades históricas e políticos que contribuíram para a construção e desenvolvimento dessa terra que fica encravada no alto sertão paraibano. Terra de gente simples, mas com capacidade intelectual reconhecida por grandes nomes que se destacaram no cenário nacional. Terra de gente hospitaleira, retratada nos inúmeros núcleos de famílias ilustres que insistem em manter acesa a chama da tradição, baseadas no respeito mútuo e na valorização da cultura local. Poderíamos comemorar as alegrias e recordações de nossa infância e juventude, poderíamos promover encontros e reencontros de amizades, como também enaltecer as famílias que tiveram a missão exemplar de continuar esta história.
Apesar de estar longe da minha cidade natal, vejo com tristeza e muita angústia tudo o que aconteceu. Infelizmente o Sr. Prefeito cometeu um erro de principiante, tanto com os filhos que construíram a história como com os filhos que vivem em Santa Cruz ou os que estão distantes geograficamente. É inadmissível que o gestor municipal, RAIMUNDO ANTUNES BATISTA, com parentesco e de mesmo sobrenome do fundador, NESTOR ANTUNES DE OLIVEIRA, tenha se quer citado o nome do mesmo e lembrado do seu legado. Só conseguindo a antipatia e repulsa de toda uma sociedade que se encontra à mercê da insegurança e marginalidade. Ficará marcada sua gestão pela falta de valorização a essa terra e desrespeito a história de um povo. Jamais havíamos visto isso antes!
No ano de seu Cinquentenário, Santa Cruz, tínhamos muito a comemorar. Mais do que marcar a culminância de um ciclo, as comemorações marcam um período para nossa cidade e toda a nossa gente, os desafios enfrentados e as histórias nascidas em meio às conquistas. No entanto, foi jogada fora a oportunidade de homenagear pessoas, de relembrar fatos e de discutir propostas para melhorar as condições de viver melhor para os próximos anos.
Como tudo o que envolve, seu aniversário de 50 anos jamais será esquecido, não esqueceremos o nada feito, não esqueceremos o desrespeito, não esqueceremos o desfile cívico expondo apenas os programas do governo federal, não esqueceremos a marcha fúnebre que marcava os passos dos desfilantes, não houve missa em Ação de Graças, nem muito menos um bolo ilustrativo, não esqueceremos as inaugurações que não aconteceram nem as obras que não existiam, não esqueceremos a ausência, o vazio...
Hoje, o momento é outro, os desafios também, Santa Cruz precisa ser reinaugurada para os próximos 50 anos que virão, pois o estado de perplexidade diante desse gigantesco descaso impõe-nos o dever de realizar uma faxina e exigir o cuidado com o povo, em benefício do próprio povo.
É inaceitável que, aos 50 anos, a cidade conviva diariamente com o caos na saúde pública, com o mau atendimento ao povo, com uma péssima infraestrutura, com índices alarmantes de insegurança, e, ao mesmo tempo, ocupe a incômoda posição de uma pequena cidade paraibana sem reconhecimento. Se houvesse falta de recursos para aplicar no município até poderíamos compreender, apesar de não justificar. Os recursos existem! O que está faltando é coragem para mudar e o compromisso de incorporar à gestão pública ações efetivas de melhoria da qualidade de vida.
Assim como a cidade foi construída com a coragem e ousadia do sertanejo na esperança de dias melhores, também teremos coragem para fazer as mudanças necessárias para Santa Cruz dos próximos 50 anos. E essas mudanças serão alicerçadas nos pilares da integralidade, da ética e da participação popular.
Para tanto, propõe-se reinaugurar. Cabe a cada um darmos uma parcela de contribuição para que seja concretizado um projeto inovador, intenso e inigualável. Está aqui a inspiração para concebermos à Santa Cruz dos próximos 50 anos, mais solidária, mais digna e o melhor lugar para se viver. Que essa frustração que vivenciamos não nos abale nem se despedace em nós!
Escrita por um filho apaixonado e sofrendo por sua terra natal.
Blog Santa Cruz Verdade
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