
O presidente Janio só dava expediente depois de tomar uma.Ernani Sátyro, pote de honestidade e exemplo de honradez, cagou-se no Tambaú depois de um porre de uisque. Nem por isso perdeu o respeito. Dezenas de grandes homens gostavam e gostam de beber. O poeta Ronaldo, o tribuno Asfora, o saudoso Edivaldo Motta, só para ficarmos em casa, adoravam e Ronaldo ainda adora uma lapada de cana, uma dose de uisque, uma noitada de serestas, uma farra entre amigos. Sem falar em Lula, o maior presidente desse país, emérito tomador de cana.
O prefeito de Sousa não estava dando expediente quando envolveu-se naquele incidente em Aracati, Ceará. Era um fim de semana, o prefeito curtia o feriado, deve ter bebido sim e fez muito bem, de modo que essa celeuma envolvendo seu nome não passa de fuxico de enciumados, que não engolem o fato dele, vindo de fora, ter tomado a liderança política das mãos de grupos tradicionais, que pensavam ser Sousa monopólio de alguns privilegiados.
Se o prefeito estivesse de cara cheia no gabinete da Prefeitura ou caindo pelas ruas de Sousa, mereceria reparos. Mas ter bebido no Ceará num dia de domingo, longe de tudo e de todos, é exercício salutar para curar o stress, fugir da rotina, esquecer os aperreios, melhorar o astral, dar vazão ao pensamento, conversar miolo de pote, em suma viver a vida, pois essa vida é tão curta que não vivê-la traz muitos arrependimentos depois.
O ruim era se a notícia falasse de roubo. Muitas Prefeituras por aí estão ocupadas por gatunos. Ladrões que chegam puxando uma cachorra e saem dirigindo potentes veículos, morando em luxuosos apartamentos na orla marítima e sustentando até rapariga de luxo com o dinheiro público.
Ao que me consta, o prefeito de Sousa é rico e honesto. Não precisa roubar. E se precisasse não roubaria. Só isso basta. Uma cachacinha não mata. No máximo, provoca uma ressaca perfeitamente curável com água de coco. E em Sousa tem um coco doce de lascar.
O pior seria se o prefeito fosse um fraco, um vendido. Ele demonstrou que não é. Quando Zé Maranhão, todo poderoso, tentou levá-lo para o seu lado, o prefeito disse não. Preferiu ficar ao lado de um Ricardo Coutinho fraco das pernas. A maioria dos seus colegas embarcou na canoa do Zé, ele ficou. E deu a Coutinho uma vitória esmagadora em Sousa. Com cana ou sem cana, o povo de Sousa segue o seu comando, enquanto os faladores, idiotas faladores, não tendo o que dizer dele, chamam-no de cachaceiro. Isso aí, em vez de mancha no curriculo, é um diploma, um atestado de bons antecedentes. um carimbo de cabra macho.
Eu também bebo. E só deixarei de beber quando inventarem de solidificar a cachaça. Aí. então, deixarei de beber. Passarei a comê-la.
Blog do Tião Lucena
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