O candidato à reeleição José Maranhão (PMDB) foi alvo de muitas críticas e denúncias durante o debate da TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo na Paraíba, realizado na noite desta terça-feira (28). O peemedebista faltou ao evento, mas os candidatos Ricardo Coutinho (PSB) e Nelson Júnior (Psol) fizeram quatro perguntas ao púlpito reservado ao atual governador, que estava vazio. Em uma das perguntas que dirigiu a Maranhão, Ricardo questionou o peemedebista sobre o suposto pagamento feito ao PCB, partido do candidato a governador Chico Oliveira, para manter a ação que culminou na cassação do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB). Com a cassação de Cássio o posto de governador foi ocupado pelo peemedebista. "Maranhão, a imprensa noticiou uma gravação onde o PCB diz que o senhor pagou R$ 400 mil para manter a ação de cassação de Cássio. Quais as outras ações que o senhor teve para chegar ao poder?", indagou Ricardo.
Já Nelson Júnior perguntou como ele defenderia os interesses da Paraíba fora do Estado, se não se sente à vontade nem de debater com os seus conterrâneos. O candidato disse que Maranhão não tem capacidade para governar o Estado da Paraíba. "Como ele se reuniria com governadores de outros estados se não tem coragem nem de debater com a gente", afirmou.
Um dos temas tratados no debate foi o endividamento do Estado. Nelson Júnior perguntou a Ricardo Coutinho o que ele faria para resolver o problema da dívida pública. O socialista afirmou que o endividamento da Paraíba está em mais de R$ 1 bilhão e que o Governo do Estado fez empréstimos para comprar até impressoras e algemas. Ele prometeu que se eleito fará uma auditoria nas contas do Governo.
O candidato do PSOL destacou que o endividamento do Estado era preocupante e prometeu que, se eleito, também fará uma auditoria, mas, diferente do socialista, vai verificar o que foi feito com os recursos do Estado nos últimos 12 anos.
Outro assunto abordado foi o suposto "beneficiamento", por parte do atual governador, a prefeitos aliados. O socialista ressaltou que as prefeituras só são beneficiadas no Estado se declararem apoio a Maranhão. "Um dia o prefeito anuncia a adesão ao governador, e no outro o Diário Oficial publica convênio para a cidade no valor de R$ 500 mil, R$ 700 mil", lamentou.
Nelson Júnior confirmou a existência dessa prática na Paraíba e voltou a fazer críticas a José Maranhão. "É um absurdo. Nós vivemos práticas retrógadas. É inadmissível fazer convênios em período eleitoral com prefeitos que aderem a sua candidatura. Esse é o tipo de relação que não concordamos, achamos imorais e que dão margens para processos judiciais", ressaltou.
Ricardo Coutinho também perguntou a Nelson Júnior sobre o que ele achava do Governo do Estado querer privatizar a Cagepa (empresa responsável pelo fornecimento de água e saneamento da Paraíba) e ainda ser avalista de R$ 150 milhões durante 20 anos de uma empresa que está sendo citada em escândalo investigado pela Polícia Federal e que ninguém sabe de onde vem.
Nelson Júnior disse que "é inadmissível que o Estado seja avalista de uma empresa nessa situação". Ele frisou também que o Governo tem que investir muito na Cagepa ao invés de quere privatizá-la. "Se você paga uma conta cara, com a privatização você vai pagar uma conta de água e esgoto mais cara ainda. Por tudo isso, somos contra a privatização dessa estatal que é responsável por apenas 4% de esgoto tratado e o restante é jogado nos mananciais", concluiu.
Após o debate, Nelson Júnior avaliou que teve um bom desempenho, pois conseguiu apresentar as ideias do partido e mostrar as divergências em relação às outras candidaturas. "Nós conseguimos debater tudo aquilo que o povo precisa", enfatizou.
Já Coutinho, disse que mostrou que outra Paraíba é possível, diferente da "Paraíba retrograda e de mentalidade atrasada que existe hoje". O candidato do PSB voltou a lamentar a ausência do candidato Maranhão.
Beth Torres
Direto da João Pessoa
Terra
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