sexta-feira, 25 de maio de 2012
Molion aponta alternativas para conviver com a seca
A seca existe, é um fenômeno climático, mas é possível conviver bem com ela, desde que ocorra mudança de filosofia de vida, no que diz respeito à produção agrícola, a partir de projetos viáveis a este tipo de clima, realidade que já ocorre em várias regiões áridas do mundo. Esta foi uma das afirmações feitas pelo professor e cientista Luiz Carlos Baldicero Molion, que proferiu palestra sobre “Previsões Climáticas para a década 2012/2022”, na tarde desta tarça-feira (22.05), na Assembleia Legislativa da Paraíba, proposta pela Frente Parlamentar da Seca.
O professor disse que o Nordeste é um “paraíso” e que a vocação da região é agrícola, tem mais chuva que muitas regiões áridas do mundo, mas que é preciso investir em culturas rentáveis. “Os Estados Unidos tem lucro de dezesseis bilhões de dólares por ano, com plantas medicinais. Aqui, na Paraíba, precisamente em Mamanguape, está sendo produzida uva de boa qualidade”, ressaltou.
O professor Luiz Carlos Molion informou que o estado da Califórnia, no Estado Unidos, foi transformado no “pomar do mundo”, apesar de ser uma região árida, onde a precipitação pluviométrica anual é inferior a do Nordeste brasileiro. “O que falta ao Brasil é uma mudança de filosofia, de mentalidade quanto à forma de conviver com a seca. A seca existe, mas é viável conviver com ela, inclusive, tirar proveito desse tipo de clima. É preciso aliar obras de infraestrura e tecnologia a culturas viáveis às condições climáticas da região Nordeste”, declarou.
Outro exemplo citado pelo cientista Molion foi a região desértica da Austrália, local onde também é registrada grande produção agrícola. “Ninguém ouve falar que o australiano se queixa da seca, no que pese o a Austrália contar com grande área semiárida. Isso ocorre porque o australiano aprendeu logo a conviver com os períodos prolongados de estiagem”, comentou.
Por fim, o professor revelou que não existe ainda no mundo equipamento capaz de garantir previsão precisa para projeções de longo prazo mas que as estatísticas, com base em estudos e realidades vividas nos últimos anos, dão uma luz aos meteorologistas no sentido de que possam fazer projeções, com pouca margem de erro, prevendo assim as condições climáticas numa perspectiva de dez anos, por exemplo.
“A seca é um fenômeno repetitivo e as previsões projetam períodos prolongados de estiagens para os próximos dez anos, nas regiões áridas e semiáridas, a exemplo do nordestino. A partir dessa projeção, os governos terão condições de traçar planos e metas voltadas a conviver com as secas que virão. Na dúvida, é bom tomar mediadas no presente, como armazenar água, porque ninguém sabem que seca virá num prazo de um ano”, alertou o palestrante.
O deputado Francisco Quintans (DEM), presidente da Frente Parlamentar da Seca, disse na ocasião que a distância entre o discurso e a prática é o ponto principal que causa dificuldade as pessoas que convivem com a seca, no Nordeste. “Existe uma distância grande entre a boa vontade do governo e as ações que concretamente são implementadas\\\\\\\", disse.
O parlamentar acrescentou que “a seca é um fenômeno que já está caracterizado como cíclico, ou repetitivo, como preferem os técnicos, mas muito pouco tem sido feito no sentido de minimizar os seus efeitos, que incidem ano pós ano no Nordeste brasileiro, realidade que atinge de forma devastadora o agricultor nordestino”.
O evento contou ainda com a participação da professora Marley Bandeira, técnica Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), que discorreu sobre “Precipitação Pluviométrica no Estado.
VALTER NOGUEIRA
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