sexta-feira, 23 de março de 2012

Inquérito administrativo é aberto para investigar agentes presos na Paraíba

Agentes penitenciários foram presos durante a Operação Hidra.
Funcionários são suspeitos facilitar tráfico de drogas de dentro do presídio.



O secretário de Administração Penitenciária da Paraíba (SEAP), Harrison Targino, determinou nesta sexta-feira (23) a instauração de uma comissão especial de inquérito administrativo para apurar o envolvimento de seis funcionários em um esquema de tráfico de drogas que funcionava no Presídio Regional Romero Nóbrega em Patos, no Sertão da Paraíba. Eles foram presos na última quarta-feira (21) durante a Operação Hidra. Entre os que serão investigados está Demetrius Dias Mendonça, que era o diretor do presídio.

Em entrevista ao G1, o Sindicato dos Agentes Penitenciários da Paraíba (Sindescap), Manuel Leite de Araújo, garantiu que será dado todo suporte jurídico aos agentes presos por suspeita de tráfico no presídio de Patos. "Estamos informando às famílias dos agentes suspeitos de envolvimento com o tráfico que o advogado do sindicato está disponível. Iremos prestar todo apoio possível a categoria", comentou Manuel Leite. Ainda de acordo com ele, o ex-diretor do presídio, Demetrius Dias, que também é agente, deverá ter um advogado particular na constituição de sua defesa.

O ato determinando a abertura do inquérito administrativo foi publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (23). A investigação será presidida pelo delegado Giovanni Giacomelli e também terá a participação de um oficial da Polícia Militar e de uma advogada da Secretaria de Administração Penitenciária.

De acordo com o delegado Giovanni Giacomelli, a documentação do processo ainda não foi enviada para ele e isso só deve acontecer na próxima semana. Ele adiantou que não é possível precisar quanto tempo o inquérito vai durar porque são muitos os envolvidos e todos deverão ser ouvidos e apresentar defesa. “Tudo vai depender do resultado da investigação”, disse o policial sobre a possibilidade de punições administrativas para os seis funcionários.

A Operação Hidra foi realizada com a participação de cerca de 250 policiais civis e militares, que fizeram buscas nas cidades de Patos, São Bento, São José de Piranhas e Teixeira, na Paraíba, além de São José do Egito, em Pernambuco. Ainda houve apoio das polícias Federal e Rodoviária Federal e da polícia de Pernambuco.

Como funcionava o esquema
Conforme a polícia, a organização criminosa atuava distribuindo drogas originárias da Bolívia e do Paraguai para cidades da Paraíba e de Pernambuco. De acordo com o delegado do Grupo de Operações Especiais, Rodolfo Santa Cruz, o esquema seria comandado por dois irmãos presidiários de Patos, com a conivência e facilitação do ex-diretor e do então diretor do Presídio Regional Romero Nóbrega, além da participação de cinco agentes penitenciários.

A polícia e o Ministério Público também apuram o uso de carros oficiais da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) na escolta de presos do regime fechado, que teriam sido levados por funcionários de presídios para administrar o tráfico junto a grupos criminosos em bairros. Ainda é investigada a participação de pessoas em São Paulo, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Envolvidos sofriam atentados, diz polícia
De acordo com as Polícias Civil e Militar, o grupo também atuaria nas execuções de pessoas que tentavam denunciar o esquema. Uma das vítimas seria um detento preso na Operação Laços de Sangue. Ele foi detido no Rio Grande do Norte e supostamente integrava grupos de pistoleiros comandandos por famílias do Sertão paraibano.

O presidiário morreu no dia 7 de outubro de 2011, durante um incêndio na enfermaria do Presídio Regional de Patos. A Secretaria de Segurança e Defesa Pública da Paraíba determinou a abertura de uma sindicância para apurar se o incêndio foi criminoso ou acidental, porém o resultado não foi divulgado.

No mesmo mês, o então diretor do mesmo presídio onde aconteceu o incêndio sofreu um atentado e teve o carro atingido por mais de dez tiros. Na época, a Polícia Civil afirmou que a tentativa de homicídio tinha relação com a Operação Laços de Sangue, porém a Segurança Pública apura o envolvimento de um ex-diretor no esquema de facilitação de tráfico de drogas.



G1 PB

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