segunda-feira, 25 de junho de 2012

Homenagem a Antônio Pedro da Silva, um dos grandes profissionais que marcaram época na Progresso AM



"Foi um Dom Ruan da vida, até a velhice".

Há 30 dias se foi um dos homens mais inteligente e corajoso que eu já conheci: meu pai Antônio Pedro da Silva. Memória admirável, desenvoltura na oralidade incontestável, amigo solidário, pai protetor. Quando éramos crianças, ai de quem maltratasse um de nós. Crescemos acompanhando sua atuação na sociedade, homem de muitos amigos, alguns já se foram, mais os que viram a sua partida choraram a sua morte, mesmo tendo perdido o contato há alguns anos.

Destemido nos programas jornalísticos como : O Caldeirão Político ( com seu grande amigo Chico Cardoso) e Pegando Fogo ( com seu primo e amigo Gil Silva) também editor de uma coluna de esporte no jornal Gazeta de Sousa. Corajoso e valente na sua função de policial de investigação, competente na chefia do DETRAN. Adepto à música nordestina e tendo voz idêntica a Luiz Gonzaga se tornou fã incondicional do Rei do Baião, por quem foi agradecido, em 1985, mandando-lhe um disco de vinil autografado. Ficou famoso pelo jargão “ E O Povão Gostando” frase que utilizava nos programas que fazia em homenagem a Luiz Gonzaga :”Encontro com o Rei Luiz Gonzaga” e “Alvorada sertaneja” ( décadas de 80 e 90 na Rádio Jornal ) “Viva Sertão” na rádio Progresso onde encerrou sua carreira de radialista em 2000. Seu maior divertimento era imitar Luiz Gonzaga nos programas de rádio, festivais, confraternizações e aniversários de amigos, sempre acompanhado por seu amigo sanfoneiro Zé Pisquela .

Foi um Dom Ruan da vida, até a velhice, defeito que não atingia nossa admiração e relacionamento devido o amor incondicional de nossa mãe que sempre zelava pelo respeito que tínhamos por ele. Até sua partida para a eternidade éramos seus meninos: Juninho, Sandrinha, Fabinho e Pedrinho, era assim que nos chamava. Sentíamos crianças perto de painho. Faleceu justamente no centenário de aniversário do seu maior ídolo, em que ainda cantava suas músicas durante o seu tratamento nas viagens a Recife, relembrando meu tempo de infância quando cantava durante as viagens que íamos à casa de vovó Cléia no RN. Nos seus últimos dias pudemos expressar com mais intensidade o quanto o amávamos. Não contávamos com sua partida agora, achávamos que íamos combater o câncer e que juntos venceríamos.

Mas o câncer foi um bandido traiçoeiro, diferente de tantos que ele combateu, na última semana de tratamento, em que pensávamos que havíamos vencido, ele mobilizou o seu braço e roubou todo seu sangue. Mesmo assim, o meu pai foi um guerreiro, provando que era mesmo filho de índio valente, não expressava sua dor, talvez para amenizar o nosso sofrimento. Sempre lendo a palavra de Deus, tinha fé que Ele decidiria o melhor. Deus o levou aos 76 anos de idade numa madrugada triste e chuvosa em Recife. Aqui nós ficamos, reconhecendo em cada um de nós características suas e com o peito cheio de saudades. Sua história está em nossa memória e escrita em suas poesias, o melhor dela passaremos para nossos filhos. Saudades painho.



Professora Sandra Mara

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