segunda-feira, 9 de maio de 2011

Operação Medusa: Polícia suspeita que políticos trocavam habilitação por votos na Paraíba

Políticos serão investigados pela participação no esquema de fraude na emissão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH), desvendado pela Operação Medusa, na última quarta-feira. De acordo com o corregedor do Detran-PB, Walber Virgulino, denúncias indicam que políticos trocavam CNHs por votos. Ele disse também que está investigando se organizações criminosas criam autoescolas para fornecer novas identidades a bandidos.

Entre os beneficiados pelo esquema, também estão analfabetos, que chegavam a pagar R$ 1,8 mil pelo documento. Virgulino informou que aproximadamente 100 mil carteiras serão canceladas e provas dos criminosos já estão nas mãos da corregedoria do Detran-PB. Ao todo, foram apreendidos documentos de suspeitos de sete Estados, entre o material, CPUs, exames médicos e fotografias serão analisadas.

“Estamos levando em consideração outra hipótese de investigação: a da participação de políticos, que comprariam votos de analfabetos em troca das CNHs”, revelou o corregedor. Segundo Walber, o Detran-PB e o Ministério Público já estão investigando a denúncia, que partiu de próprios funcionários do Detran e de despachantes de autoescolas concorrentes das envolvidas na fraude. De acordo Walber Virgolino, o esquema de compra de carteira de habilitação já acontece a mais de 10 anos. “Além dos analfabetos também podem estar se beneficiando com o esquema os criminosos com ficha suja na Justiça que querem ter uma nova identidade. Entre os documentos apreendidos pelas Polícias Civil, Federal e Militar e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco), estão exames médicos, fotografias, CPUs e três armas que revelarão indícios sobre a participação dos envolvidos no esquema de fraude. Estes são naturais de seis estados: Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Distrito Federal e Pernambuco (estado que apresenta maior conexão com o esquema).

Contudo, segundo o corregedor, o esquema tem ligações com outros estados do Nordeste e também do Sul do país. Ainda ontem, o Walber enviou cartas precatórias solicitando investigação em 27 municípios. Na operação, foram presas 15 pessoas: 10 proprietários de autoescolas, dois psicólogos da 1ª Ciretran, em Campina Grande e três “piabeiros”.

Autuadas funcionam

As cinco autoescolas autuadas em Campina Grande, durante a “Operação Medusa” e acusadas de integrar o esquema fraudulento estão funcionando normalmente. As empresas Bandeirantes, Vip, Santo André, São José e Sinal Verde realizaram normalmente todos os serviços relacionados à expedição de CNH, testes, exames, mudança de categoria, solicitação de carteiras.

A proprietária da Autoescola Bandeirante que não quis ser identificada, negou o envolvimento no esquema e disse que está realizando todos os atendimentos normalmente. “Nada foi provado do nosso envolvimento e estamos trabalhando normalmente”, contou.

De acordo com Walber Virgolino, o processo para a suspensão das credenciais de funcionamento das autoescolas já foi enviado para a Justiça. “Ainda não houve publicação do pedido de suspensão, mas com a proibição, a autoescola ou funcionário que insistirem em atuar serão presos e autuados”, garantiu, afirmando que, inicialmente, as escolas ficarão fechadas por 90 dias, mas poderão perder o direito de funcionamento.



Jornal Correio

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