domingo, 2 de agosto de 2009

20 anos sem o Rei do Baião "Luiz Gonzaga"

02/08/2009.
No dia 2 de agosto de 1989, há 20 anos, partia Luiz Gonzaga. Ele foi certamente um dos maiores divulgadores da autêntica música nordestina, sem os apelos sexuais e de cacofonia hoje utilizados. Suas músicas, algumas tristes como Assum-preto (1950) , Triste partida (1964, do poeta patativa do Assaré) e A morte do Vaqueiro (1963) retratam o sofrimento. Asa Branca (1947) foi talvez a mais tocada, e ainda hoje retrata a vida de sofrimento do sertanejo. De sua biografia podemos destacar o seguinte:

No dia 13 de Dezembro de 1912, uma sexta-feira, nasce, na fazenda Caiçara, terras do barão de Exu, o segundo de nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, que na pia batismal da matriz de Exu recebe o nome de Luiz (por ser o dia de Santa Luzia) Gonzaga (por sugestão do vigário) Nascimento (por ter nascido em dezembro, também mês de nascimento de Jesus Cristo. Luiz Gonzaga, com apenas 8 (oito) anos de idade substitui um sanfoneiro em festa tradicional na fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai; canta e toca a noite inteira e, pela primeira vez, recebe o que hoje se chamaria cachê; o dinheiro – 20$000 – “amolece” o espírito da mãe, que não o queria sanfoneiro. A partir daí, os convites para animar festas – ou sambas, como se dizia na época -, tornam-se freqüentes. Antes mesmo de completar 16 anos, “Luiz de Januário”, “Lula”ou Luiz Gonzaga já é nome conhecido no Araripe e em toda a redondeza, como Canoa Brava, Viração, Bodocó e Rancharia. Em 1945 consegue então o que desejava. Grava seu primeiro disco tocando e cantando, a mazurca Dansa Mariquinha, parceria com Miguel Lima, primeira gravação com o dito e chama a atenção pelo timbre de voz e desenvoltura no cantar. Querendo dar um rumo mais nordestino para suas composições, Gonzagão procura o maestro e compositor Lauro Maia, para que este coloque letras em suas melodias. Maia porém apresenta-lhe o cunhado, o advogado cearense Humberto Cavalcanti Teixeira, com quem Luiz Gonzaga viria a compor vários clássicos. Os instrumentos usados originariamente ( viola, botijão, pandeiro e rabeca ) foram substituídos por acordeão, triângulo e zabumba. No dia 22 de setembro, nasce de uma relação com a cantora Odaléia Guedes dos Santos o Seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Em 1981 visita o então Presidente da República Aureliano Chaves, pedindo-lhe que intervenha em Exu, devido às rixas entre as famílias Saraiva, Alencar e Sampaio, fato que acontece poucos dias depois terminando com uma rivalidade que já durava alguma décadas. O último show realizado por Luiz Gonzaga foi no dia 06 de junho de 1989 no Teatro Guararapes do Centro de Convenções de Recife, onde recebeu homenagens de vários artistas do país. Antes de finalizar o show, o Rei do Baião proferiu estas palavras: “ Boa Noite minha gente! (…) “Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. (…)Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e amor. Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mim; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor. (…) Muito obrigado.”

De osteoporose, Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de Agosto de 1989, às 05.15hs, no Hospital Santa Joana, no Recife.


Domingos Leão

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